Escavações no Tholos de Montelirio - Reprodução/Science Advances
Arqueologia

Túmulo de 4.800 anos revela ritual cerimonial com 270 mil conchas

Foram encontrados os restos mortais de mais de 20 mulheres enterradas com vestimentas feitas de mais de 270 mil conchas de moluscos

Luiza Lopes Publicado em 10/02/2025, às 13h10

Arqueólogos realizaram uma descoberta impressionante no Tholos de Montelirio, um sítio arqueológico próximo a Sevilha, na Espanha, onde mais de 20 mulheres foram enterradas há cerca de 4.800 anos com vestimentas feitas de mais de 270 mil conchas de moluscos.

Segundo o estudo, publicado na Science Advances, as conchas eram provenientes de vieiras e berbigões e utilizadas para compor túnicas, saias e faixas, que faziam partes de suas roupas cerimoniais.

A quantidade de conchas é recorde em comparação a outras descobertas arqueológicas semelhantes, com a maior coleção sendo encontrada em um túmulo no México, que possuía 30 mil peças.

Conchas utilizadas em práticas cerimoniais / Crédito: Reprodução/Science Advances

 

'Descoberta singular'

O arqueólogo Leonardo García Sanjuán, da Universidade de Sevilha, explicou em entrevista ao El País que o que torna o sítio de Montelirio ainda mais singular é a combinação de elementos simbólicos e materiais.

Segundo Sajuán, as conchas, que eram um símbolo de feminilidade e fertilidade no mundo pré-cristão, indicam que essas mulheres provavelmente tinham uma posição social especial.

Além disso, as evidências de mercúrio nos ossos sugerem a realização de rituais complexos e possivelmente perigosos, uma vez que o metal pesado era comumente utilizado em práticas cerimoniais na Antiguidade.

O local de sepultamento, que inclui uma câmara funerária e um corredor de 40 metros, tem um alinhamento solar significativo. Um exemplo disso é que uma das mulheres foi encontrada com as mãos erguidas em uma posição que sugeriria um gesto ritualístico.

Ela estava alinhada com uma estela que era iluminada apenas uma vez por ano, no solstício de verão, quando um raio de sol passava pelo corredor, iluminando especificamente aquele local. Para o arqueólogo, isso demonstra a "importância dos rituais solares e sua conexão com as práticas funerárias" dessas mulheres.

A datação por radiocarbono indicou que todas as mulheres morreram em um intervalo relativamente curto, o que levanta a hipótese de que poderiam ter sido enterradas após um evento comum, mas isso não é confirmado, pois as conchas, datadas de forma imprecisa, sugerem que sua coleta e preparação poderiam ter ocorrido ao longo de um período de até 200 anos.

A pesquisa está em andamento, com os arqueólogos considerando diferentes possibilidades: se as conchas foram usadas durante cerimônias rituais antes da morte ou se elas eram, de fato, uma forma de vestimenta mortuária. 

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