Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Notícias / Arqueologia

Fósseis de 140 milhões de anos são encontrados entre artefatos romanos

Descoberta no Marrocos intriga arqueólogos e sugere que fósseis marinhos eram coletados, trocados ou usados com fins rituais durante o Império Romano

Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 24/06/2025, às 19h30

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Fósseis de 140 milhões de anos encontrados no Marrocos - Divulgação/Jens Lehmann
Fósseis de 140 milhões de anos encontrados no Marrocos - Divulgação/Jens Lehmann

Dois fósseis marinhos com mais de 140 milhões de anos foram descobertos em um local inusitado: entre fragmentos de cerâmica, vidro e metal romanos na Ilha Mogador, na costa do Marrocos. A descoberta, descrita em estudo publicado no Journal of Island and Coastal Archaeology, está desafiando arqueólogos a repensarem o valor e o uso dos fósseis na Antiguidade.

A Ilha Mogador é considerada geologicamente jovem, com cerca de 2 milhões de anos, o que torna impossível que fósseis do período Cretáceo Inferior, como os encontrados, tenham se formado ali.

Os exemplares, identificados como Lamellaerhynchia rostroformis, datam entre 145 e 140 milhões de anos e não apresentam sinais de modificação humana. Segundo os pesquisadores, sua presença no sítio arqueológico indica que foram coletados e armazenados intencionalmente.

A provável origem dos fósseis é uma área localizada a cerca de 48 quilômetros ao sudeste da ilha, no continente marroquino, onde há uma abundância de braquiópodes semelhantes. Isso sugere que os fósseis podem ter sido levados até Mogador por meio de antigas rotas comerciais ou por trocas realizadas entre comunidades nômades e os habitantes locais.

Hipóteses

Uma das hipóteses propostas é que pastores nômades sazonais trocavam alimentos e objetos — como os próprios fósseis — pelo direito de usar terras na ilha. Outra teoria considera a possibilidade de que comerciantes que transportavam madeira de sandarac, altamente valorizada pela elite romana, também tenham levado os fósseis junto, já que ambos os produtos vêm da mesma região montanhosa do Marrocos.

Os pesquisadores ainda levantam a possibilidade de que os fósseis tenham sido usados em rituais ou com fins medicinais. Escavações anteriores, realizadas na década de 1960 na mesma ilha, encontraram quatro fósseis escondidos dentro de uma ânfora romana — interpretados na época como "objetos profiláticos", usados para afastar doenças.

Segundo o 'The Sun News', a descoberta lança novas luzes sobre os costumes e o comércio na era romana no norte da África. "Fósseis de invertebrados em contextos de interesse e comércio romano são ainda pouco estudados", apontam os autores, recomendando mais pesquisas para entender o papel simbólico, espiritual ou econômico desses objetos no mundo antigo.

OSZAR »