Afresco do século 15 foi pintado nos tempos do imperador Constantino XI Paleólogo, e descoberto em antigo mosteiro na Grécia; confira!
Publicado em 26/12/2024, às 11h38 - Atualizado em 27/12/2024, às 07h03
Arqueólogos descobriram recentemente um afresco de grande valor histórico no Antigo Mosteiro dos Arcanjos, localizado na região de Acaia, no oeste da Grécia. Isso porque a pintura, datada do século 15, é o único retrato contemporâneo conhecido do último imperador do Império Bizantino, Constantino XI Paleólogo.
Conforme divulgado em comunicado no Facebook do Ministério da Cultura e Desporto da Grécia, o afresco foi encontrado debaixo de uma camada de outros afrescos, durante trabalhos de restauração do Antigo Mosteiro dos Arcanjos. Constantino XI, vale mencionar, governou o Império Bizantino de 1.449 até 1.453, quando ele morreu na queda de Constantinopla.
O achado é especialmente relevante, pois permite uma visão rara do último imperador bizantino durante o declínio do império. Com a morte de Constantino XI, a civilização milenar encontrou seu fim pelas mãos dos otomanos.
Conforme descrito pelos arqueólogos, a pintura oferece um retrato raro e bastante valioso de Constantino XI, visto que foi criado na época em que o imperador ainda era vivo. Dessa forma, é uma rara representação do imperador que se baseia diretamente em sua figura, em vez de outros que o idealizavam ou feitos com base em outras representações.
Na pintura, é possível observar o imperador vestindo trajes reais, incluindo um loro (uma espécie de capa cerimonial bizantina), um sakkos (uma túnica tradicional de seu tempo) e uma coroa diadema.
Além disso, ele também pode ser visto com um manto púrpura com imagens de águias de duas cabeças bordadas, sendo este o símbolo da dinastia Paleólogo, e com um centro com cruz, o que confirma sua posição de destaque no império.
O pintor deve ter representado as características do retrato a partir de sua própria percepção, o que significa que seu modelo não era um retrato imperial oficial, mas o próprio imperador", afirma Anastasia Koumousi, diretora da Ephorate de Antiguidades de Acaia, ao Archaeology Magazine.
Koumousi ainda acrescenta que a representação não se trata de uma versão idealizada de Constantino XI, estas idealizações mais comuns, sendo assim uma representação criada a partir da vida do próprio imperador.
A obra foi descoberta na principal igreja do mosteiro, o Katholikon, que foi restaurada no passado com o apoio dos irmãos Constantino XI, Demétrios e Tomás Paleólogo. Essa restauração, por sua vez, foi feita após uma guerra civil entre os três irmãos, que acabou sendo resolvida com a mediação de Constantino. Esse episódio, inclusive, é uma referência de destaque sobre o papel do imperador na tentativa de manter a unidade e o legado bizantino vivos.
Com a descoberta do afresco, uma nova perspectiva sobre o declínio e fim do Império Bizantino é possível aos historiadores, bem como a resistência de Constantino XI até o último momento, oferecendo também uma visão rara do imperador e dos últimos dias deste império milenar, conforme repercute a Revista Galileu.
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