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Notícias / Vulcão

O mistério do vulcão 'zumbi' que pode ter sido desvendado por especialistas

Embora não entre em erupção há cerca de 250 mil anos, o vulcão tem emitido gases, provocado tremores e deformado o solo local

Redação Publicado em 29/04/2025, às 19h00

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Uturuncu, o vulcão zumbi - Jon Blundy, Universidade de Oxford
Uturuncu, o vulcão zumbi - Jon Blundy, Universidade de Oxford

Adormecido há centenas de milhares de anos, o vulcão Uturuncu, localizado nos Andes bolivianos, vem intrigando cientistas por sua atividade incomum.

Embora não entre em erupção há cerca de 250 mil anos, o vulcão — situado a mais de 6 mil metros de altitude — tem emitido gases, provocado tremores e deformado o solo ao seu redor, o que levanta preocupações sobre uma possível reativação.

Agora, um novo estudo publicado nesta segunda-feira, 28, na revista PNAS, lança luz sobre esse fenômeno. A pesquisa conclui que a atividade do Uturuncu se deve ao movimento de fluidos e gases subterrâneos, e não à ascensão de magma — uma descoberta que pode mudar a forma como os cientistas avaliam o risco de erupção em vulcões aparentemente adormecidos.

Monitoramento

Desde a década de 1990, satélites e medições por GPS revelam que o solo ao redor do Uturuncu tem se deformado em um padrão semelhante a um "sombrero", com o centro se elevando até 1 centímetro por ano enquanto a borda afunda. 

A deformação, somada à emissão de dióxido de carbono e à atividade sísmica, levou à hipótese de que um reservatório de magma poderia estar se acumulando sob a montanha.

O Uturuncu está situado acima do chamado Corpo Magmático Altiplano-Puna (APMB), uma gigantesca câmara subterrânea de magma que se estende pela Bolívia, Chile e Argentina. Até então, temia-se que o vulcão pudesse estar se preparando para uma erupção explosiva — típica dos estratovulcões, como o Vesúvio ou o Monte Santa Helena.

Monitoramento sísmico é constante na região - Duncan Muir, Universidade de Cardiff

Mas os pesquisadores, ao analisar mais de 1.700 terremotos e a composição das rochas locais, descobriram que o APMB está, na verdade, canalizando fluidos e gases através de uma estrutura estreita em forma de chaminé. 

Gases como vapor d’água e CO₂ ficam retidos sob o cume, enquanto água salgada se espalha lateralmente pelas fraturas do terreno. Esse movimento subterrâneo é o suficiente para causar os tremores e a deformação observada — sem necessidade de acúmulo de magma iminente.

“O Uturuncu está ativo, mas não em risco iminente de erupção”, afirmou ao portal Live Science Matthew Pritchard, professor de geofísica na Universidade Cornell e coautor do estudo. “Os métodos que usamos podem ajudar a entender não apenas esse vulcão, mas centenas de outros em situação semelhante pelo mundo.”

A descoberta lança uma nova perspectiva sobre os chamados “vulcões zumbis” — adormecidos, mas com sinais de atividade — e reforça a importância de monitoramento constante mesmo em vulcões considerados inativos.

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