Conrad Shinn, piloto da Marinha dos EUA e o primeiro a pousar um avião no Polo Sul, faleceu aos 102 anos em uma instituição de cuidados
Conrad Shinn, piloto da Marinha dos EUA e o primeiro a pousar um avião no Polo Sul, faleceu aos 102 anos em uma instituição de cuidados na Carolina do Norte. A morte ocorreu em 15 de maio, mas a notícia só foi divulgada nesta semana.
Conhecido como “Gus”, Shinn começou sua carreira transportando feridos de combate no Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial. No pós-guerra, transferido para uma base aérea em Washington, D.C., sentia-se frustrado com tarefas rotineiras, como transportar almirantes e convidados do presidente Harry S. Truman.
Segundo informações do jornal The New York Times, quando surgiu a chance de integrar uma missão na Antártica, aceitou sem hesitar — mesmo sem saber quase nada sobre o continente. Entre 1946 e 1947, participou da Operação Highjump, expedição liderada pela Marinha para mapear fotograficamente a região.
Retornou entre 1955 e 1958 com a Operação Deep Freeze, esforço multinacional voltado à pesquisa científica, que também respondia a interesses estratégicos dos EUA em plena era nuclear. Havia receios, na época, de que a União Soviética pudesse usar os polos como rotas de ataque.
O ponto alto de sua carreira veio em 31 de outubro de 1956, quando Shinn, o contra-almirante George Dufek e outros cinco tripulantes pousaram no Polo Sul a bordo de um R4D-5L Skytrain, versão militar do DC-3, adaptado com esquis e apelidado "Que Sera Sera".
Foi a primeira aterrissagem aérea na região e o primeiro contato humano com o Polo em mais de 40 anos. O pouso ocorreu sob temperatura de -50 °C e luz solar contínua. Os esquis congelaram no gelo e o avião, com 13 toneladas, ficou imóvel, mesmo com os motores a plena potência, informou o jornal.
A decolagem só foi possível graças a propulsores auxiliares de foguete (JATO), acoplados à fuselagem. O avião ficou no solo por 49 minutos, tempo suficiente para que Dufek hasteasse a bandeira dos EUA. A bordo de um cargueiro da Força Aérea que sobrevoava a área estavam repórteres, incluindo Maurice Cutler, então com 18 anos.
Apesar da tensão, Shinn não dramatizava o feito. Costumava dizer, com humor, que foi não só o primeiro a pousar, mas também "o primeiro a decolar do Polo Sul". Ele deixa três filhos (Connie, Diane e David), além de uma irmã, Jean Shinn Hart, de 90 anos, e um neto.