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Matérias / Guerra do Vietnã

'Ponto de Virada: A Guerra do Vietnã': Os momentos mais chocantes da série da Netflix

Do uso de drogas pelos soldados dos EUA a tortura dos sul-vietnamitas: Nova série documental da Netflix revela os bastidores da Guerra do Vietnã

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
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Publicado em 11/05/2025, às 14h00

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Imagem de 'Ponto de Virada: A Guerra do Vietnã' - Netflix
Imagem de 'Ponto de Virada: A Guerra do Vietnã' - Netflix

Há 50 anos, em 30 de abril de 1975, a Guerra do Vietnã chegava ao fim. Na ocasião, comunistas norte-vietnamitas capturaram Saigon no Vietnã do Sul, apoiado pelos EUA. Mas o conflito não terminou ali para os norte-americanos em campo de batalha, visto que a retirada dos combatentes causou turbulência e efeitos psicológicos duradouros.

Retratos do episódio são resgatados no novo documentário da Netflix, "Ponto de Virada: A Guerra do Vietnã". Dividido em cinco partes, a produção foca nos custos humanos daquela que foi a guerra mais longa dos Estados Unidos na época, trazendo entrevistas com veteranos americanos, sobreviventes vietnamitas, gravações de presidentes americanos analisando a situação e imagens inéditas da CBS News. 

Com relatos de soldados americanos, vietnamitas e sobreviventes, esta série documental revela a história brutal de uma guerra desastrosa", aponta a sinopse da produção. 

Estima-se que 58.220 americanos e mais de um milhão de vietnamitas morreram durante a Guerra do Vietnã. Inúmeras vezes, presidentes norte-americanos afirmaram que o conflito servia para impedir que o Vietnã do Sul fosse tomado pelos comunistas, argumentando que, se isso acontecesse, não haveria esperança de democracia na Ásia. Mas conforme a guerra foi se desenhando, o roteiro para vencê-la foi se distanciando daquela "realidade".

Imagem de 'Ponto de Virada: A Guerra do Vietnã' - Netflix

“Não havia um inimigo claro”, disse o diretor Brian Knappenberger à TIME. "Eles estavam lá para deter o comunismo? Estavam lá para conquistar os corações e mentes do povo vietnamita? Muitos dos veteranos com quem conversamos dizem que muitas vezes sentiam que estavam apenas tentando sobreviver."

Confira abaixo as principais revelações feitas em "Ponto de Virada: A Guerra do Vietnã", nova série documental da Netflix!

Uso de drogas pelos solados americanos

No documentário, ex-combatentes dos Estados Unidos falam abertamente sobre o uso de drogas enquanto serviam na Guerra do Vietnã. Segundo os relatos, a maconha era abundante entre eles. Os soldados obtinham ópio no Vietnã, Laos e Camboja. 

O documentário inclui imagens de Ed Rabel, correspondente da CBS News, que relata que uma investigação do Congresso do país descobriu que entre 10% a 15% das tropas dos EUA usavam heroína

Imagem de 'Ponto de Virada: A Guerra do Vietnã' - Netflix

"Muitos veteranos que entrevistamos recorreram ao uso pesado de drogas para lidar com o cotidiano da guerra e com o que estavam presenciando", explica Knappenberger à TIME. "Eles voltaram para casa com esses vícios, que duraram muitos anos após a guerra e alguns quase nunca os superaram. Isso destruiu a vida de muitas pessoas e de suas famílias".

Comecei a fumar maconha todos os dias, o dia todo, para mascarar, esconder a dor e o medo", afirma Dennis Clark Brazil, veterano do Exército dos EUA, à produção.

Eldson J. McGhee, outro veterano, revelou que quando os médicos pararam de lhe dar morfina para tratar um ferimento, ele se viciou em heroína. "Isso arruinou completamente a minha vida."

Soldados mataram seus próprios oficiais

O termo inglês "fragging" (que significa algo como "fragmentação") é usado para descrever a prática de alguns soldados americanos desiludidos com a Guerra do Vietnã que mataram — ou tentaram matar — seus próprios oficiais. "Fragging" é uma gíria para a granada de fragmentação M67, que lança pequenos fragmentos de metal em todas as direções. 

Durante a Guerra do Vietnã, houve cerca de 90 casos de "fragging" no Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, e entre 600 a 800 casos no Exército dos EUA. Todos realizados por soldados como forma de retaliação. 

Imagem de 'Ponto de Virada: A Guerra do Vietnã' - Netflix

No documentário da Netflix, o veterano da Marinha dos EUA, Mike Nakayama, aponta que uma quantia em dinheiro era coletada e dada a quem matasse um oficial. Enquanto esteve no Vietnã, Mike recorda que um explosivo foi colocado sob a tenda de um sargento, matando o homem, e três soldados dividiram o dinheiro. 

Você pode chamar isso de justiça”, disse Nakayama.

A tortura dos sul-vietnamitas

Após a Queda de Saigon, o governo comunista enviou centenas de ex-soldados vietnamitas, que estiveram do lado dos Estados Unidos, para os chamados campos de reeducação. 

Nesses locais, que se pareciam com prisões, os detentos eram separados de seus familiares e viviam em espaços insalubres: sofrendo com espancamentos, doenças e convivendo com a fome.

Segundo Chung Tu Buu, um detento que foi prisioneiro de guerra por cerca de 14 anos, o objetivo desses campos de reeducação era "fazer uma lavagem cerebral e nos forçar a realizar trabalhos forçados", explica ao documentário.

Já a jornalista sul-vietnamita Vu Thanh Thuy conta como foi cuidar sozinha de seu filho bebê de apenas dois meses quando seu marido foi enviado para um desses campos. 

Pensei em cometer suicídio durante aqueles dias", relata a jornalista. 

Por sorte, ele conseguiu escapar e com a ajuda de um padre se escondeu em uma igreja. Os dois se reencontraram em 1979 e conseguiram fugir do país. 

"Os campos de reeducação... com condições adversas, não hesito em dizer que esse foi um erro grave que cometemos", reconhece Ton Nu Thi Ninh, ex-vice-presidente de Relações Exteriores da República Socialista do Vietnã, na produção da Netflix.


'Ponto de Virada: A Guerra do Vietnã'

Documentário da Netflix, 'Ponto de Virada: A Guerra do Vietnã', revela os bastidores da Guerra do Vietnã, como o uso de drogas por combatentes dos Estados Unidos ou a tortura de sul-vietnamitas. 

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