Pesquisas recentes mostram que jovens nunca ouviram falar sobre o Holocausto e não souberam nomear Auschwitz: 'Se tornou uma história frágil'
Neste 27 de janeiro é celebrado o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, data que marca a Libertação de Auschwitz, há exatos 80 anos, em 1945. O complexo na Polônia, então mantido pelo regime nazista, foi o maior campo de extermínio da Segunda Guerra Mundial.
Por conta da data, monarcas, presidentes, primeiros-ministros e, principalmente, sobreviventes, participam de uma cerimônia que acontece no museu de Auschwitz. Em entrevista ao The Guardian, Paweł Sawicki, porta-voz do museu, falou sobre a importância do evento.
Está claro para todos nós que este é o último aniversário marcante em que podemos ter um grupo de sobreviventes que serão visíveis e que podem estar presentes no local. Vinte anos atrás, tínhamos mais de 1.000 sobreviventes aqui; dez anos atrás, eram 300. Cinco anos atrás, tínhamos 100, e hoje, cerca de 50. Em dez anos, quantos serão?".
Por conta disso, Sawicki salientou o fato das celebrações deste ano não contarem com discursos políticos de chefes de Estado. "É por isso que é tão incrivelmente importante que nos concentremos nesses sobreviventes, que ouçamos suas vozes, suas histórias pessoais e seus testemunhos".
"É por isso que queríamos uma cerimônia tão simples e autêntica: apenas música, os testemunhos de quatro sobreviventes, o portão do acampamento, um dos vagões de trem que os trouxeram aqui e que simboliza tanto sofrimento", prosseguiu.
Paweł Sawicki, porta-voz do museu, também disse que o aniversário deste ano possui um peso especial por conta da crescente distorção da história do Holocausto — muito em virtude das informações falsas vinculadas em diversas redes sociais. "É extremamente desafiador".
"Para as pessoas nascidas há 30 ou 40 anos, seus avós viveram isso — eles aprenderam sua história na mesa da família".
"Mas para as gerações de hoje, o Holocausto se tornou história de livro didático, e a história de livro didático é uma história muito mais frágil, é muito mais fácil distorcê-la. Os jovens de hoje obtêm sua história das mídias sociais. Estamos trabalhando para criar material para mostrar a eles as estratégias de distorção que estão sendo usadas, mas, enquanto pudermos, devemos ouvir as vozes dos sobreviventes. Isso é algo de enorme importância quando falamos sobre como a memória de Auschwitz é moldada", finalizou.
Conforme repercute o The Guardian, pesquisas recentes em parte das Europa mostraram que pessoas entre 18 a 29 anos nunca tinham ouvido falar no Holocausto(sendo 46% na França, 15% na Romênia, 14% na Áustria, 12% na Alemanha). Além disso, diversas não souberam nomear Auschwitz ou qualquer outro campo de concentração.
O levantamento também mostrou que muitos dos entrevistados havia se deparado com negações ou distorções em relação ao Holocausto, especialmente de forma online (47% na Polônia, 38% na Alemanha, 33% nos EUA).