Hadi Matar foi sentenciado por tentativa de assassinato após esfaquear o escritor em 2022; ataque deixou Rushdie cego de um olho
Hadi Matar, o homem que atacou brutalmente o escritor Salman Rushdie em 2022, foi condenado nesta sexta-feira, 16, a 25 anos de prisão, além de cinco anos de liberdade vigiada, pelo crime de tentativa de assassinato. A sentença foi proferida pelo tribunal da cidade de Mayville, no norte do estado de Nova York.
Matar, cidadão americano de origem libanesa, também recebeu outra pena de sete anos de prisão e três anos de liberdade vigiada por agressão. Ambas as sentenças serão cumpridas simultaneamente, conforme informou o tribunal em comunicado à imprensa.
O agressor foi considerado culpado em fevereiro, ao fim de um julgamento de quase quatro semanas. Salman Rushdie, que sobreviveu ao atentado, prestou depoimento no tribunal, marcando um momento simbólico diante do crime que quase lhe custou a vida.
O ataque aconteceu em agosto de 2022, durante um evento literário na Chautauqua Institution, onde Rushdie falaria ao público. Na ocasião, Matar, então com 24 anos, subiu ao palco armado com uma faca de 15 centímetros e golpeou o escritor repetidamente, causando ferimentos graves no olho direito, pescoço, tronco e mão esquerda, além de perfurar órgãos internos como fígado e intestino.
O atentado reacendeu lembranças de um capítulo sombrio da vida do autor. Rushdie, de origem indiana e radicado nos Estados Unidos, tornou-se um alvo do regime iraniano após publicar, em 1988, o romance 'Os Versos Satânicos'. A obra foi considerada blasfema por setores do Islã e, em 1989, o então líder supremo do Irã, Aiatolá Ruhollah Khomeini, emitiu uma fatwa (sentença de morte religiosa) contra o escritor.
Apesar de a fatwa ter sido oficialmente desconsiderada anos depois, o estigma permaneceu. Rushdie viveu na clandestinidade por cerca de uma década, antes de retomar uma vida relativamente normal, estabelecendo-se em Nova York. O ataque de 2022 trouxe de volta os temores sobre sua segurança.
Durante o julgamento, Matar afirmou que havia lido apenas duas páginas de 'Os Versos Satânicos', mas considerou o conteúdo ofensivo ao Islã. Mesmo com o reconhecimento de que não compreendia toda a obra, disse ter se sentido compelido a atacar o autor.
Segundo a 'Folha de São Paulo', o juiz David Foleymanteve a pena máxima possível para os crimes, sem alterações.