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Notícias / Mudanças Climáticas

Aumento do nível do mar pode provocar 'migração catastrófica', alertam cientistas

Com aumento da temperatura global e do nível dos oceanos, milhões de pessoas podem ser forçadas a se afastar das costas, segundo estudo; entenda!

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 20/05/2025, às 12h14

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Geleiras na Antártida - Getty Images
Geleiras na Antártida - Getty Images

Hoje, o aquecimento global, as mudanças climáticas e a elevação do nível do mar são preocupações reais em várias partes do mundo. E cientistas alertaram em um estudo recente que, com essas consequências do aumento da temperatura global, o mundo pode viver uma "migração interior catastrófica" no futuro.

Segundo o The Guardian, a perda de gelo das camadas congeladas da Groenlândia e da Antártida quadruplicou desde a década de 1990, e hoje é o principal fator responsável pelo aumento do nível do mar.

A meta internacional é de manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5 ºC com relação à era pré-industrial já está quase fora de alcance, mas, mesmo que as emissões de combustíveis fósseis sejam reduzidas, o nível do mar já deve inevitavelmente subir 1 centímetro por ano até o fim do século, o que é mais rápido que a velocidade com que as nações conseguiriam construir defesas costeiras.

Segundo as previsões feitas em novo estudo, publicado na revista Communications Earth and Environment, o mundo caminha para um aquecimento global de 2,5 ºC a 2,9 ºC, o que certamente ultrapassaria os pontos de ruptura para o colapso das camadas de gelo da Groenlândia e da Antártida Ocidental. Com isso, o nível do mar passaria por uma elevação "realmente terrível" de 12 metros, o que devastaria várias áreas do globo.

Por exemplo, atualmente, cerca de 230 milhões de pessoas por todo o mundo vivem a menos de 1 metro acima do nível do mar; e 1 bilhão a menos de 10 metros. Dessa forma, mesmo uma elevação de apenas 20 centímetros até 2050 resultaria em danos globais por inundações de pelo menos US$ 1 trilhão por ano para as 136 maiores cidades costeiras do mundo, sem mencionar os impactos na vida e meios de subsistência das pessoas.

Ainda assim, os cientistas enfatizam que cada pequena ação para retardar o aquecimento global ainda importa, pois podem atrasar a elevação do nível do mar e dar mais tempo para que nações se preparem.

"Migração catastrófica"

No estudo, os pesquisadores pontuam que a temperatura "limite de segurança" para camadas de gelo era difícil de estimar, mas provavelmente seria de 1 ºC acima da era pré-industrial ou até menos. Com isso, agora, uma elevação do nível do mar de pelo menos 1 a 2 metros já é inevitável.

"O que queremos dizer com limite seguro é aquele que permite algum nível de adaptação, em vez de migração interior catastrófica e migração forçada, e o limite seguro é de aproximadamente 1 cm por ano de elevação do nível do mar", afirma em comunicado o professor Jonathan Bamber, da Universidade de Bristol, no Reino Unido.

"Se chegarmos a esse ponto, qualquer tipo de adaptação se tornará extremamente desafiador, e veremos uma migração terrestre massiva em escalas nunca vistas na civilização moderna", pontua. Nesse cenário, países em desenvolvimento, como Bangladesh, seriam bem mais prejudicados que países ricos e experientes em conter ondas, como a Holanda, acrescenta.

Além disso, ao The Guardian, o professor Chris Stokes, da Universidade de Durham, e principal autor do estudo, afirmou: "Estamos começando a ver alguns dos piores cenários se concretizarem quase à nossa frente. Com o aquecimento atual de 1,2°C, a elevação do nível do mar está acelerando a taxas que, se continuarem, se tornarão quase incontroláveis ​​antes do final deste século, [ou seja] durante o tempo de vida dos nossos jovens".

Vale mencionar que a temperatura média global atingiu um acréscimo de 1,5 ºC acima da era pré-industrial pela primeira vez em 2024; porém, como a meta internacional é medida através de uma média de 20 anos, ainda não é considerado que essa marca foi definitivamente quebrada.

Vale destacar ainda que, no estudo, foram combinados dados de períodos mais quentes da Terra de até 3 milhões de anos atrás, observações de derretimento de gelo e elevação do mar nas últimas décadas, e modelos climáticos. A partir disso, os pesquisadores concluíram que "a perda contínua de massa das camadas de gelo representa uma ameaça existencial para as populações costeiras do mundo".

"Evidências recuperadas de períodos quentes passados ​​sugerem que vários metros de elevação do nível do mar — ou mais — podem ser esperados quando a temperatura média global atingir 1,5°C ou mais", afirma a professora Andrea Dutton, da Universidade de Wisconsin-Madison, que fez parte da equipe do estudo.

Isso porque, no fim da última era glacial, há cerca de 15 mil anos, o nível do mar chegou a subir 10 vezes mais rápido do que ocorre hoje, o que era impulsionado pelas reações autorreforçadores, possivelmente desencadeadas por um pequeno aumento na temperatura. Na última vez que a concentração de CO₂ da atmosfera era tão alto quanto hoje, há 3 milhões de anos, o mar subiu entre 10 e 20 metros.

Assim, mesmo que fosse encontrada uma forma de remover o CO₂ da atmosfera, para trazer ao planeta de volta a temperatura pré-industrial, ainda levaria centenas ou até milhares de anos para que as camadas de gelo que já derreteram se recuperassem. Ou seja, a terra perdida devido ao avanço dos oceanos permanecerá perdida por muito tempo, talvez até a chegada de uma nova era glacial.

OSZAR »