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Notícias / Monte Everest

Como britânicos conseguiram subir o Monte Everest em menos de uma semana?

Quatro ex-soldados das forças especiais britânicas conseguiram escalar o Monte Everest em menos de sete dias; entenda como!

Redação Publicado em 21/05/2025, às 14h50

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Ex-soldados das forças especiais britânicas escalaram o Monte Everest - Reprodução/Arquivo Pessoal
Ex-soldados das forças especiais britânicas escalaram o Monte Everest - Reprodução/Arquivo Pessoal

Quatro ex-soldados das forças especiais britânicas, entre eles o atual secretário de Estado para os Ex-Combatentes, Alistair Carns, conseguiram um feito incomum: escalar o Monte Everest em menos de sete dias — algo que normalmente exige pelo menos dois meses de preparação. O que tornou essa escalada possível foi uma combinação de tecnologia, preparação prévia e uma substância controversa: o gás xenônio.

Diferente do que costuma ser feito por alpinistas tradicionais, que passam semanas nos acampamentos do Himalaia para se aclimatar às condições extremas da montanha, o grupo britânico fez toda essa adaptação ainda em Londres.

Durante semanas, eles dormiram em tendas especiais com ar rarefeito e, nas duas semanas que antecederam a expedição, passaram a inalar xenônio em uma clínica na Alemanha.

O gás, que também é usado em anestesia e na fabricação de lâmpadas, tem sido estudado por sua capacidade de estimular a produção de eritropoietina (EPO), hormônio que aumenta a quantidade de glóbulos vermelhos no sangue e melhora o transporte de oxigênio no organismo. Isso ajuda o corpo a simular os efeitos da altitude e, teoricamente, previne os sintomas do mal da montanha, que pode ser fatal. 

Tempo recorde

Com essa preparação, os britânicos conseguiram voar diretamente para o acampamento-base do Everest e iniciar a escalada sem o processo tradicional de subida e descida gradual entre os campos — prática essencial para quem depende da aclimatação natural. O grupo chegou ao cume, a 8.849 metros de altitude, na manhã desta quarta-feira,  21, após cerca de quatro dias e meio de expedição.

O feito chamou atenção não apenas pelo tempo recorde — embora o recorde absoluto de velocidade ainda pertença ao alpinista nepalês Lhakpa Gelu Sherpa, que em 2003 subiu do acampamento-base ao topo em menos de 11 horas —, mas também pela polêmica em torno do uso de xenônio.

Especialistas do montanhismo alertam que ainda não há consenso científico sobre a eficácia do gás e que seu uso pode comprometer a ética do esporte, além de representar riscos à saúde.

“A aclimatação é um processo complexo que envolve vários órgãos e sistemas do corpo e não é totalmente compreendido. Não existe um único medicamento capaz de substituir esse processo”, disse a Federação Internacional de Escalada e Montanhismo em nota.

Adrian Ballinger, líder de uma expedição pelo lado norte do Everest, também adota tendas hipóxicas como estratégia para reduzir o tempo de exposição na montanha, mas rejeita o uso do gás. Para ele, promover o xenônio como recurso para ganho de performance sem discutir suas implicações éticas e de igualdade é algo preocupante.

As pessoas estão buscando atalhos em vez de se dedicarem ao treinamento e à aclimatação real”, destacou à BBC.

A expedição, que custou cerca de US$ 170 mil (cerca de R$ 964 mil) por pessoa, teve também um propósito beneficente: arrecadar fundos para crianças órfãs em zonas de conflito.

Ainda assim, levantou um debate entre alpinistas e operadores turísticos sobre o futuro da escalada no Himalaia, com receio de que o modelo "express" ganhe popularidade e coloque em risco tanto a segurança dos montanhistas quanto a sustentabilidade do turismo local.

“Aclimatar-se na montanha é uma regra básica do montanhismo. Se isso não for feito, as autoridades não deveriam emitir certificados de cume”, disse Damber Parajuli, presidente da Associação de Operadores de Expedições do Nepal, à BBC. 

O Departamento de Turismo do Nepal afirmou não estar ciente de que os britânicos tentariam a escalada sem aclimatação. “Agora que sabemos, vamos discutir o caso e decidir quais medidas tomar”, relatou Narayan Regmi, diretor-geral do órgão, ao veículo.

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