Aos 90 anos, Abraham Bolden testemunhou comportamentos alarmantes por parte de colegas e detalhou conspiração para assassinar John F. Kennedy
Em um momento histórico e carregado de emoção, Abraham Bolden, o primeiro agente negro a integrar a equipe presidencial do Serviço Secreto dos EUA, finalmente teve a chance de contar sua versão dos fatos ao Congresso americano.
Aos 90 anos, Bolden participou por videoconferência de uma audiência da Força-Tarefa sobre a Desclassificação de Segredos Federais, que investiga a morte de John F. Kennedy, ocorrida em 22 de novembro de 1963 em Dallas.
O americano relatou que, durante seu período na Casa Branca, testemunhou comportamentos alarmantes por parte de colegas, incluindo alcoolismo durante o serviço, racismo dentro da equipe e ameaças concretas à vida do presidente ignoradas pela agência.
Segundo ele, houve uma "conspiração de Chicago" para matar Kennedy semanas antes do atentado em Dallas. A ameaça teria ocorrido durante um jogo entre o Exército e a Força Aérea, no início de novembro de 1963, e envolvia exilados cubanos armados com rifles de alta potência.
Indicado pessoalmente por Kennedy após um encontro casual em Chicago, Bolden se tornou símbolo da integração racial no governo federal. No entanto, ele revelou que foi alvo de hostilidade e discriminação dentro do próprio Serviço Secreto.
Em 1964, foi acusado de suborno e espionagem, condenado a 15 anos de prisão e, segundo ele, incriminado injustamente por tentar denunciar a má conduta da agência. Cumpriu 39 meses antes de ser libertado, mas só foi perdoado em 2022, pelo presidente Joe Biden.
Durante o depoimento, que foi parcialmente silenciado por falhas técnicas na transmissão ao vivo, Bolden criticou a Comissão Warren — criada para investigar o assassinato — por ignorar depoimentos cruciais, como os de médicos do Parkland Memorial Hospital, que afirmam que os ferimentos de Kennedy não são compatíveis com a teoria de um atirador solitário.
"Entrei para a história em 6 de junho de 1961", disse Bolden no depoimento, "e nunca conheci uma pessoa mais justa que o presidente Kennedy". Ele concluiu sua fala com um apelo emocionado: "A verdade não pode morrer. Continuem esta investigação".
Segundo o 'New York Post', a audiência reforça dúvidas persistentes sobre a versão oficial do assassinato de JFK e reabre feridas profundas da história americana.