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Notícias / Arqueologia

Descoberta na Indonésia revela hábitos de caça do Homo erectus há 140 mil anos

Uma descoberta recente na ilha de Java, na Indonésia, oferece novas informações sobre a vida do Homo erectus há cerca de 140 mil anos

Redação Publicado em 19/05/2025, às 11h00

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Fósseis encontrados na ilha de Java, na Indonésia - Divulgação/Universidade de Leiden
Fósseis encontrados na ilha de Java, na Indonésia - Divulgação/Universidade de Leiden

Uma descoberta recente no fundo do Estreito de Madura, no nordeste da ilha de Java, na Indonésia, oferece novas informações sobre a vida do Homo erectus durante o Pleistoceno Médio, há cerca de 140 mil anos. 

Durante operações de dragagem de areia marinha próximas a Surabaya, arqueólogos identificaram mais de 6 mil fósseis de vertebrados — incluindo dois fragmentos de crânio de Homo erectus.

É a primeira vez que restos dessa espécie são encontrados nas planícies submersas de Sundaland, uma vasta região que conectava a Ásia continental ao arquipélago indonésio durante períodos glaciais. 

A pesquisa é resultado de uma colaboração internacional entre a Universidade de Leiden (Países Baixos) e equipes da Indonésia, Austrália, Alemanha e Japão. Os dados foram publicados na revista Quaternary Environments and Humans

Os fósseis foram descobertos em um antigo vale fluvial, hoje submerso, que fazia parte do sistema do rio Solo. Esse vale foi preenchido ao longo do tempo por sedimentos fluviais e marinhos, formando uma unidade geológica de transição entre ambientes terrestres e estuarinos. 

A datação por luminescência estimulada opticamente (OSL) aponta para um intervalo entre 163 mil e 119 mil anos atrás, durante o Estágio Isotópico Marinho 6 (MIS 6) — o penúltimo período glacial. Nessa época, o nível do mar era cerca de 100 metros mais baixo que o atual.

Harold Berghuis, arqueólogo da Universidade de Leiden, afirmou em comunicado que “os fósseis vêm de um vale fluvial afogado, que ao longo do tempo foi sendo preenchido por areia de rio. Isso torna nossas descobertas realmente únicas”.

fósseis
Cinco tipos distintos de sedimentos foram identificados / Crédito: Divulgação/Universidade de Leiden

Caça ativa 

Sabe-se que o Homo erectus já coletava conchas de rio. Mas os novos achados revelam comportamentos mais complexos. Foram encontradas marcas de corte em ossos de tartarugas aquáticas e grande quantidade de ossos de bovídeos quebrados, indicando a caça ativa de animais de grande porte e o aproveitamento de tutano.

Diferente do que se observava nos sítios anteriores de Java, essa prática já era conhecida entre grupos humanos mais recentes do continente asiático. Esses hábitos sugerem possível troca cultural ou até cruzamentos genéticos entre o Homo erectus javanês e outros grupos hominídeos da Ásia continental, desafiando a tese de seu isolamento prolongado em Java.

Diferentemente dos sítios arqueológicos em áreas elevadas como Trinil, Sangiran e Ngandong, o Estreito de Madura representa um habitat de baixa altitude, com fauna e vegetação distintas, provavelmente com menor índice de chuvas.

Na época, Sundaland lembrava a savana africana atual: gramíneas secas, florestas estreitas ao longo dos rios e uma fauna rica — elefantes, rinocerontes, crocodilos, hipopótamos asiáticos (hoje extintos), dragões-de-komodo carnívoros (hoje restritos às ilhas de Komodo e Flores) e até tubarões de rio, agora raros no Sudeste Asiático.

A presença constante de água, peixes, moluscos, frutos e sementes fazia dos vales dos rios Solo e Brantas corredores naturais para humanos e animais durante períodos de estresse climático. Esses rios podem ter facilitado a dispersão do Homo erectus por Sundaland, conectando diferentes habitats e fomentando contato entre populações.

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