Recentemente, a empresa Paradromics divulgou teste de chip conectado em cérebro humano — que pode ajudar pessoas com deficiências motoras graves
Publicado em 04/06/2025, às 10h38
Recentemente, a Neuralink, empresa de tecnologia de Elon Musk, obteve mais um concorrente à altura na pesquisa sobre implantes cerebrais. Na última segunda-feira, 2, a empresa americana Paradromics divulgou a realização do primeiro teste em um humano de seu chip cerebral.
Conforme repercute o g1, o chip, chamado de Connexus, foi implantado e removido do cérebro de um paciente em menos de 20 minutos. Esse teste, por sua vez, utilizou técnicas comuns a neurocirurgiões, e permitiu o registro de sinais cerebrais, segundo a empresa.
Esse experimento breve foi realizado no dia 14 de maio, em um paciente cuja identidade não foi revelada, e envolveu o implante do chip no lobo temporal. Essa área do cérebro é a responsável por funções como memória e audição.
Segundo a Paradromics, o novo chip utiliza-se de inteligência artificial na leitura de sinais cerebrais, e permite compreender se o paciente quer falar com ajuda de máquinas, escrever ou mover o cursor de um mouse na tela. Com isso, espera-se auxiliar na recuperação de comunicação de pessoas com deficiências motoras graves, devido a quadros como esclerose lateral amiotrófica, acidente vascular cerebral e lesão de medula espinhal.
O teste recente foi feito pelo neurocirurgião Matthew Willsey junto a uma equipe de clínicos e biomédicos, na Universidade de Michigan, em uma cirurgia com um paciente com epilepsia. O médico pontua que esse experimento é um passo importante no fornecimento de tratamento adequado a pacientes com necessidades graves que, até hoje, não foram devidamente atendidas.
Meu laboratório está pesquisando como podemos usar plataformas de interface cérebro-computador mais avançadas, como a Connexus, para desenvolver a próxima geração de dispositivos de assistência motora e de fala", explica Willsey em comunicado.
Ainda em 2024, a Neuralink chamou atenção ao divulgar a realização de dois implantes de chips cerebrais em humanos. Agora, com o anúncio de seu primeiro teste, a Paradromics se aproximada da empresa de Elon Musk, ao também desenvolver a chamada interface cérebro-computador, que pode registrar atividades no nível de neurônios individuais, melhorando a qualidade do sinal recebido.
Porém, uma diferença entre os dois chips é que o modelo da Paradromics utiliza de 420 pequenas agulhas, que são eletrodos que registram a atividade neural, quando conectadas ao cérebro. Enquanto isso, o modelo da Neuralink depende de 64 fios finos, que somam mais de 1.000 eletrodos para a mesma tarefa.
A Paradromics, repercute o g1, foi fundada em 2015, e já vinha realizando estudos pré-clínicos há três anos. Agora, a empresa pretende iniciar um ensaio clínico para o fim do ano, com a intenção de estudar os efeitos a longo prazo e a segurança do chip. Além dela, outras empresas concorrentes como a Neuroscience e a Cynchron também já registram sinais de grupos de neurônios, e não de neurônios individuais.