Em expedição, arqueólogos encontraram em sítio na China dezenas de sepultamentos, que datam do Neolítico à Idade do Bronze
Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 29/05/2025, às 19h30 - Atualizado em 31/05/2025, às 14h33
Um esqueleto descoberto recentemente no sudoeste da China revelou a existência de uma misteriosa linhagem humana que, até agora, era apenas teorizada por cientistas. A descoberta foi feita por pesquisadores que analisavam restos humanos antigos para mapear a diversidade genética da China Central — e acabou fornecendo pistas importantes sobre as origens do povo tibetano.
O achado ocorreu no sítio arqueológico de Xingyi, na província de Yunnan. Ali, arqueólogos encontraram dezenas de sepultamentos que datam do Neolítico à Idade do Bronze.
Em meio a eles, um esqueleto feminino de cerca de 7.100 anos — batizado de Xingyi_EN — chamou atenção não apenas pela sua antiguidade, mas pelo seu perfil genético único.
A análise do DNA revelou que Xingyi_EN não possuía grande semelhança com populações do leste ou do sul da Ásia, mas sim com uma linhagem "profundamente divergente", que permaneceu isolada por milhares de anos. Os cientistas nomearam esse grupo de linhagem Xingyi da Ásia Basal, e acreditam que ela se separou de outros grupos humanos há pelo menos 40 mil anos.
Trata-se de uma chamada "população fantasma" — um grupo humano extinto que não deixou muitos vestígios arqueológicos, mas cuja existência pode ser inferida por meio de análises estatísticas de DNA moderno e antigo.
Xingyi_EN é a primeira evidência física dessa linhagem, que posteriormente se misturou com outros povos e contribuiu geneticamente para os ancestrais de parte dos tibetanos atuais.
Apesar da descoberta impressionante, os cientistas entrevistados pela Live Science pedem cautela. Como a evidência genética vem de apenas um indivíduo, mais escavações e análises serão necessárias para entender o papel dessa linhagem na história evolutiva da Ásia. O estudo foi publicado nesta quarta-feira, 29, na revista Science.
Em breve a realização de novos estudos pode conferir materialidade a essa linhagem que permaneceu, até então, como um fantasma oculto na história da humanidade, cuja evolução se revela cada vez mais complexa.