Cientistas explicam por que cerca de 60% dos genes das bananas têm equivalentes em humanos — e o que isso realmente significa para a biologia
Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 29/05/2025, às 18h00
A ideia de que humanos compartilham 60% do DNA com uma banana pode soar como uma piada de internet ou um exagero sensacionalista. Mas há um fundo de verdade nisso — e, como explicam os cientistas, também muita confusão sobre o que esses números realmente querem dizer.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano (NHGRI), a comparação entre os genomas de humanos e bananas, realizada em 2013, revelou que cerca de 60% dos genes da fruta têm algum equivalente no DNA humano. Mas isso não significa que somos 60% bananas — longe disso.
"Você compartilha 50% do seu DNA com cada um dos seus pais. Mas com as bananas, compartilhamos cerca de 50% dos nossos genes, o que representa cerca de apenas 1% do nosso DNA total", explicou Mike Francis, bioinformata do Centro de Ciências Computacionais de Assuntos de Veteranos, em Boston.
O estudo, originalmente desenvolvido para uma exposição no Museu de História Natural Smithsonian, envolveu mais de 4 milhões de comparações entre os genes humanos e os da banana. A equipe, liderada pelo geneticista Lawrence Brody, identificou cerca de 7.000 genes na banana que possuem "versões" semelhantes no genoma humano. A similaridade média das proteínas produzidas por esses genes, no entanto, era de apenas 40%.
Brody explica que, embora os humanos e as bananas sejam organismos completamente distintos, ambos precisam executar funções básicas semelhantes para sobreviver — como metabolizar energia, crescer e se reproduzir. Isso requer certos "blocos de construção genéticos" compartilhados, herdados de ancestrais muito distantes na árvore da vida.
"É como comparar estilos de casa", diz Brody. "Uma casa de fazenda e uma casa geminada são diferentes por fora e por dentro, mas ambas têm cozinha, banheiro, telhado e portas. No nível genético, nós e as bananas também temos ‘cômodos’ em comum".
Esses genes compartilhados estão principalmente ligados a funções celulares fundamentais, como a produção de proteínas, duplicação do DNA e manutenção das células. Por isso, embora surpreendente, o compartilhamento genético entre humanos e bananas é mais uma prova da unidade da vida na Terra do que uma evidência de parentesco próximo.
Segundo 'o Globo', a conclusão dos pesquisadores é clara: não, você não é meio banana. Mas sim, compartilha com ela parte do manual de instruções básico da vida.
