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Matérias / Escola Espiã

Escola Espiã: 5 fatos sobre a história real por trás da nova série do Prime Video

Documentário relembra caso de escola norte-americana que espionava seus estudantes através de seus laptops e se tornou um verdadeiro escândalo em 2010

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
[email protected]

Publicado em 08/04/2025, às 16h00

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Cena de 'Escola Espiã' - Prime Video
Cena de 'Escola Espiã' - Prime Video

Blake Robbins tinha uma vida como qualquer outro adolescente até seus 15 anos. Mas as coisas começaram a virar de ponta cabeça no dia 11 de novembro de 2009. Na data, ele foi chamado até a sala do diretor de sua escola, a Merriton High School, na Filadélfia. 

Robbins estava sendo acusado de consumir e traficar drogas. Para piorar sua situação, foi apresentado uma prova: a imagem dele segurando uma substância suspeita. Só havia um porém. A foto foi tirada com o laptop que ele tinha em seu quarto. Como a escola havia conseguido uma imagem de um aluno em seu ambiente domiciliar?

A premissa pode até parecer o roteiro de um dos novelas episódio de Black Mirror, mas o caso é real e se tornou um verdadeiro escândalo nos Estados Unidos em 2010. Agora, ele é detalhado em uma nova série documental do Prime Video.

Escola Espiã chegou nesta terça-feira, 8, à plataforma de streaming da Amazon. Conheça cinco fatos sobre o caso!

1. Um 'simples' presente

No início do ano letivo de 2009, os alunos do Lower Merion School District (LMSD), onde fica a Merriton High School, foram presentados com novos Macbooks para ajudarem no seu desempenho escolar. 

Obviamente, os cerca de 2.300 alunos ficaram entusiasmados. Afinal, o equipamento de última geração, totalmente de graça, ajudaria a manter contato com os colegas de escola enquanto estivessem em casa. Isso sem contar a possibilidade de realizarem videochamadas, jogarem on-line e tudo o que um laptop de última geração poderia proporcionar. 

O sonho, no entanto, se tornou um pesadelo para o jovem Blake Robbins quando ele foi chamado no escritório do diretor de sua escola — quando lhe mostram fotos suas tiradas de seu laptop para acusá-lo de um crime.


2. A prova polêmica

A grande questão do caso é que Blake jamais havia tirado tal foto e a escola também se recusou a explicar como conseguiram tal imagem. Diante de toda a confusão, os pais do garoto ficaram espantados quando descobriram que a escola usava o laptop para espionar seu filho e outros alunos (o que ainda incluía a filha deles, e irmã de Robbins, Paige).

Logo, eles entraram com uma ação judicial contra o conselho escolar. O caso ganhou uma enorme repercussão e se tornou assunto nacional, conforme relata a Time, sendo apelidado de WebcamGate — em referência ao caso Watergate. 

O fato de que uma escola poderia espionar seus alunos dentro e fora do ambiente escolar caiu como uma bomba, se tornando motivo de alerta por todo o país. 

O conselho escolar, por sua vez, argumentou que a câmera do laptop de Blake foi ativada apenas para encontrar laptops que haviam sido roubados — embora o equipamento de Robbins jamais tenha sido relatado como perdido.

Blake Robbins - Prime Video

Isso fez com que o advogado da família, Mark Haltzman, entrasse com uma ordem judicial para que o conselho escolar divulgasse todas as fotos que tinha do estudante. Um total de 400 registros tirados sem seu conhecimento — o que incluía fotos dele até mesmo dormindo. O FBI iniciou uma investigação e o conselho escolar passou a ser acusado de espionar seus alunos. 

Nesse meio tempo, com o episódio ganhando as manchetes dos noticiários, a opinião pública passou a comentar cada vez mais o caso, muitas vezes alegando que a família do aluno estava apenas tentando ganhar dinheiro ou ter seus 15 minutos de fama. Além do mais, tanto Blake quanto sua irmã Paige começaram a ser intimados na escola.


3. Monitoramento de Blake

Conforme prosseguiu sua investigação, o FBI descobriu que o conselho escolar havia tirado mais de 56 mil fotos através de uma tecnologia remota chamada Theft Track — um software projetado para fazer fotos em momentos aleatórios da webcam de um laptop. Algo muito útil se um equipamento for roubado ou estiver perdido, por exemplo. 

Mas, conforme explica a Time, não apenas o laptop de Blake Robbins estava sendo 'monitorado', como o de outros 36 estudantes. Cada máquina tirava fotos em diversos momentos do dia sem eles desconfiarem disso. 

O conselho escolar argumentou, no caso de Blake, que eles passaram a rastrear o laptop porque a família não havia pago o seguro depois que o estudante quebrou o primeiro computador. Os levando a considerar que o laptop estivesse sido roubado e, portanto, precisava ser localizado. 

Importante ressaltar, porém, que nos formulários que a família assinou para receber o laptop, em nenhum momento foi mencionado a possibilidade do rastreamento remoto. 

Além disso, o documentário mostra que vários documentos do departamento de TI do conselho escolar comprovaram que eles não apenas sabiam da localização do laptop, como também seguiram propositalmente rastreando e monitorando Robbins sem ele saber. 

O principal motivo para isso eram os problemas disciplinares que o estudante estava enfrentando (como, em grande parte, sempre estar atrasado para as aulas). E foi esse monitoramento que levou até a suposta imagem dele com um pacote de drogas. 

Quando tudo veio à tona, um e-mail do distrito escolar alertava que a descoberta do monitoramento pelos pais poderia causar "um grande alvoroço". Mesmo assim, Virginia DiMedio, Diretora de Tecnologia e Serviços de Informação da LMSD, respondeu dizendo: "Não há como eu aprovar ou defender o monitoramento de alunos em casa" e "sugiro que você respire fundo e relaxe".


4. Outras ações

Além da família de Blake, outros estudantes entraram com ações judiciais contra o conselho escolar. Um deles foi Jalil Hasan, que tinha apenas 17 anos na época. Outro preferiu permanecer anônimo, identificado apenas como "Student Doe".

No documentário do Prime Video, sua identidade é revelada: Keron Williams, que teve sua identidade preservada na época por sua mãe acreditar que sua exposição pública pudesse ter consequências graves. 

Imagem de Escola Espiã - Prime Video

Nos casos de Hasan e Williams, seus laptops nunca foram relatados como perdidos ou roubados, nem houve problemas com o pagamento do seguro. A série detalha o quão traídos os estudantes se sentiram por serem espionados por uma instituição em que deveriam confiar, e o impacto em sua saúde mental e desenvolvimento.


5. A resolução

Por fim, a investigação do FBI optou por não prosseguir com as acusações contra a LMSD, alegando não ter encontrado evidências suficientes para provar a intenção criminosa por trás da 'espionagem' dos estudantes. 

Assim, Robbins, Williams e Hasan foram pressionados por seus advogados a resolver seus processos e evitar as dificuldades de lutar seus casos no tribunal. Com isso, Blake acabou fechando um acordo de 600 mil dólares, mas recebeu apenas 175 mil da quantia — o restante serviu para pagar os honorários advocatícios. 

Hasan, que tinha o mesmo advogado, recebeu apenas 10 mil dólares; enquanto Willians finalizou um acordo para ficar com 13 mil. Já Paige, irmã de Blake, que tinha 19 anos, temendo que suas imagens pudessem prejudicar suas ambições de se tornar promotora distrital, entrou com um processo para o distrito escolar. 

Um porta-voz do LMSD, porém, se referiu ao processo como "uma tentativa de apropriação de dinheiro", e Paige recebeu uma enxurrada de comentários maldosos virtualmente, incluindo mensagens antissemitas; o que a fez retirar o processo.

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