De fantasma em fotografia a fenômeno premonitório, as experiências vivenciadas por Victor Goddard escapam à explicação racional
Victor Goddard, membro da Força Aérea Real britânica, viveu os horrores de duas Guerras Mundiais, mas também testemunhou eventos que escapam à explicação racional. Reconhecido por sua carreira brilhante como aviador e estrategista, Goddard se tornou uma figura singular ao relatar experiências que cruzam a fronteira entre o real e o sobrenatural.
Filho de um médico abastado, Goddard parecia destinado à vida militar desde jovem. Estudou nos tradicionais Royal Naval Colleges de Osborne e Dartmouth e, durante a Primeira Guerra Mundial, atuou inicialmente como aspirante. Logo depois, migrou para o Royal Naval Air Service, realizando missões de reconhecimento aéreo sobre a devastada região do Somme.
Após o conflito, sua carreira deslanchou: foi instrutor de aviação em Cambridge, liderou esquadrões no Oriente Médio e, em 1935, assumiu o cargo de vice-diretor de inteligência do Ministério da Aeronáutica.
Mais tarde, já durante a Segunda Guerra Mundial, teve papel fundamental na preservação das forças aéreas britânicas, atuando em postos de comando na Europa, Nova Zelândia e Pacífico Sul. Nessa época, recebeu a Medalha de Serviço Distinto da Marinha dos EUA após lutar em Guadalcanal e na campanha das Ilhas Salomão. Após a guerra, foi nomeado representante da RAF em Washington, segundo informações do portal War History Online.
Mas além de alguém com notável carreira militar, Goddard ficou conhecido pelos episódios fora do comum que teria vivenciado. Um dos mais enigmáticos ocorreu durante a Primeira Guerra, quando um mecânico chamado Freddy Jackson morreu ao ser atingido por uma hélice em funcionamento na base aérea HMS Daedalus.
No dia do funeral, os colegas posaram para uma foto e, ao olhar para ela, viram algo estarrecedor: o rosto de Freddy estava lá, entre os vivos. Muitos acreditaram que o espírito de Jackson ainda não sabia que havia morrido. Além disso, uma fonte chegou a declarar que aquele teria sido o local da morte do mecânico.
Em 1935, como comandante de ala, Goddard foi enviado para inspecionar o campo de aviação abandonado de Drem, na Escócia. Encontrou o local tomado pelo mato e com gado vagando sobre o asfalto rachado.
Horas depois, ao sobrevoar novamente a área durante uma tempestade, presenciou uma mudança radical: o tempo clareou subitamente e o campo estava restaurado e em plena operação, com aviões amarelos e mecânicos trabalhando.
O mais impressionante foi que, quatro anos mais tarde, durante a Segunda Guerra, o campo de Drem foi de fato reativado — e os aviões pintados de amarelo, exatamente como na visão de Goddard. O episódio passou então a ser interpretado como um fenômeno premonitório.
Anos depois, durante uma festa em sua homenagem em Xangai, ouviu do capitão Gerald Gladstone um relato que gelou a espinha: ele havia sonhado com a morte de Goddard em um acidente aéreo causado por gelo atmosférico na costa da Ásia.
Ainda não estou morto. O que fez você pensar que eu estava?", respondeu Goddard.
Pouco tempo depois, ele enfrentou um acidente similar ao do sonho e precisou fazer um pouso forçado na ilha japonesa de Sado. Felizmente, todos a bordo sobreviveram.
Mesmo após deixar as fileiras da RAF, Victor Goddard manteve-se ligado ao inexplicável. Escreveu livros sobre percepção extra-sensorial, como Flight Towards Reality (1975), e incentivou a criação do Wrekin Trust, organização voltada à educação espiritual.
O episódio com Gladstone, vale destacar, inspirou o filme The Night My Number Came Up (1955) — mas Goddard se incomodou com a dramatização, já que achou a reação do personagem, vivido por Michael Redgrave, muito mais emocional do que a que teve na realidade.