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Matérias / Brasil

Silveira: A história do cãozinho que cativou as redes sociais

Brincalhão, preguiçoso e cheio de personalidade, o vira-lata Silveira, morador da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), conquistou as redes sociais

Luiza Lopes Publicado em 25/05/2025, às 10h00

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Silveira, morador ilustre da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) - Reprodução/Instagram (@silveirapodrao)
Silveira, morador ilustre da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) - Reprodução/Instagram (@silveirapodrao)

Em poucos dias, o nome de um cachorro virou assunto nacional. Silveira, morador ilustre da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), apareceu em um post nas redes sociais que rapidamente viralizou.

No X (antigo Twitter), foi parar nos tópicos em alta; no Instagram, seu perfil já alcançou mais de 110 mil seguidores. Estudantes, ex-alunos e internautas de todo o Brasil se apaixonaram pelo vira-lata que circula livre pelo campus, dorme no sofá da Biblioteca Central e exige carinho de barriga para cima.

Apesar da fama recente, Silveira não é novidade na UFSM. Estima-se que ele tenha chegado ao campus há mais de 10 anos, ainda filhote, e nunca mais saiu. A origem do nome é incerta, mas ganhou outros apelidos ao longo do tempo, como "Podrão", por seu hábito de dormir em sala de aula. 

silveira
Silveira em 2017 / Crédito: Mariana Garghetti Buss/Divulgação/ UFSM

Rotina própria

A professora Fabiana Stecca, coordenadora do Projeto Zelo, contou em entrevista ao g1 que ele se tornou parte do cotidiano acadêmico: circula pelos prédios, acompanha estudantes entre blocos e tem preferências muito bem definidas. De manhã, passa pela Odontologia e Terapia Ocupacional; à tarde, aparece na Biblioteca Central, onde ocupa sempre o mesmo sofá.

Se alguém estiver sentado, ele rosna — e quase sempre consegue o que quer. Também ronda a Casa do Estudante e o Restaurante Universitário, onde costuma cochilar ao sol. "Muitas pessoas até falam que ele é bem implicante, mas ele é implicante no território dele, então às vezes ele embravece. Apesar de todo o carinho, ele é bem dono do espaço dele", comentou Fabiana.

Silveira é sociável, mas com limites: prefere humanos a outros cachorros, já se envolveu em brigas, inclusive foi mordido, e late mais para carros brancos — ninguém sabe por quê. Durante a pandemia, ficou próximo ao hospital universitário e fez amizade com motoristas de ambulância.

Mas sua alegria voltou mesmo com o retorno dos estudantes ao campus. "Ele sofreu muito com o período da pandemia porque ficamos dois anos sem ter aulas presenciais, então deu aquela esvaziada", relembrou a coordenadora. 

As fotos de Silveira justificam o apelido que ganhou: ele adora se deitar de barriga para cima, esperando carinho de quem passa. Também "participa" das atividades do campus — já apareceu em vídeo no meio de uma aula de capoeira, interagindo com os dançarinos, e em outro, marcando presença em uma manifestação estudantil.

Com a explosão de popularidade, a UFSM entrou na brincadeira: Silveira foi “nomeado” oficialmente como Pró-Reitor de Assuntos Caninos (PRAC-UFSM), com direito a documento assinado pelo reitor Luciano Schuch.

A homenagem não tem valor administrativo, mas simboliza o afeto da comunidade acadêmica por seu morador mais ilustre. Entre os estudantes, virou estampa de adesivos, personagem de memes e até calendário.

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Quem cuida do Silveira?

Silveira é atendido e monitorado pelo Projeto Zelo, criado em 2014 na UFSM. A iniciativa cuida de cerca de 80 animais que vivem no campus, promovendo castrações, feiras de adoção, campanhas de conscientização e atendimentos veterinários.

Os recursos vêm quase exclusivamente de doações e ações voluntárias — como brechós, rifas e parcerias com empresas locais. "A gente vive de doações. Nós não temos um fundo específico, nós fazemos parte da extensão, nós temos apenas uma verba de recurso público, que é para os nossos bolsistas", disse Fabiana.

Silveira já foi atendido diversas vezes no Hospital Veterinário Universitário. Por ser idoso (estima-se que tenha mais de 10 anos e pese cerca de 43 kg), ele sofre de artrose, problemas digestivos, nódulos e medo de jalecos — o que dificulta a medicação. A ração que consome precisa ser sênior e de grãos pequenos.

A equipe do Zelo também criou uma campanha pedindo que os estudantes evitem alimentar animais com restos de comida. “A ração dele, por conta das condições de saúde, não costuma vir das doações”, destacou a coordenadora. 

Com a saúde mais frágil e idade avançada, a equipe que cuida de Silveira iniciou uma campanha para encontrar um lar definitivo para ele. O sonho da “auposentadoria”, como chamam, é que ele possa viver os últimos anos com conforto, segurança e atenção individual — algo que a vida ao ar livre, mesmo cercado de carinho, não pode garantir.

Mas adotar Silveira não é simples. Ele é cheio de manias, muito apegado à presença de humanos e exige atenção constante. Fica visivelmente abatido quando passa muito tempo sozinho. Por isso, os voluntários buscam alguém que entenda que adotar um animal idoso, com personalidade forte, é um gesto de amor e responsabilidade.

“A gente está usando esse momento de visibilidade para refletir: será que não é hora de ele se ‘auposentar’? Ele precisa de um lar definitivo, seguro, com carinho e cuidados que a vida no campus não garante”, reforçou Fabiana.

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