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Notícias / Espionagem

Brasil teria sido espionado pela Rússia, afirma jornal norte-americano

Segundo a publicação, o objetivo desses agentes era estabelecer identidades, vínculos e até mesmo negócios em terras brasileiras; entenda!

Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 21/05/2025, às 14h00

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Lula e Putin, presidentes do Brasil e da Rússia - Getty Images
Lula e Putin, presidentes do Brasil e da Rússia - Getty Images

Em uma trama digna de um filme de espionagem, o The New York Times revelou, nesta quarta-feira, 21, a presença de espiões russos no Brasil. Segundo a publicação, o objetivo desses agentes não era monitorar o governo brasileiro, mas estabelecer identidades, vínculos e até mesmo negócios no país. 

Esses contatos seriam usados como fachada para operações ilegais nos Estados Unidos, Europa e Oriente Médio. Ao adotar uma identidade "brasileira", eles poderiam conduzir ações de interesse da Rússia sem levantar suspeitas sobre sua lealdade ao Kremlin e ao presidente Vladimir Putin.

Vida dupla

Um dos agentes mencionados é Artem Shmyrev. Membro da inteligência russa. Ele montou uma empresa de impressão 3D e morava em um apartamento no Rio de Janeiro com sua namorada brasileira. 

Mas o disfarce de Shmyrev ia além do trabalho e do relacionamento pessoal. Ele usava documentos falsos, incluindo uma certidão de nascimento e um passaporte com o nome de Gerhard Daniel Campos Wittich, um "brasileiro" de 34 anos.

Shmyrev permaneceu como uma célula adormecida por seis anos, aguardando o momento certo para atuar. A sua vida dupla também incluía uma esposa na Rússia, que, assim como ele, fazia parte da rede de agentes de inteligência. 

A frustração com a espera se refletiu em uma mensagem enviada a ela em 2021, na qual ele escreveu: "Ninguém quer se sentir como um perdedor. Por isso, continuo trabalhando e com esperança."

Investigações

De acordo com o The New York Times, Shmyrevnão foi o único espião russo em solo brasileiro. A investigação do jornal revelou que a Rússia usou o Brasil como um ponto estratégico para a formação de uma linha de montagem de espiões, recrutando agentes altamente qualificados, alguns dos quais agiam de maneira ilegal.

A partir dos vínculos formados, esses agentes passaram os últimos anos planejando rotinas que sustentavam suas novas identidades. Um colega de Shmyrev, por exemplo, abriu uma joalheria, enquanto outro trabalhava como modelo. 

Outros ainda seguiram trajetórias como pesquisadores, com um deles tendo até mesmo atuado na Noruega, enquanto um casal se destacava por suas viagens frequentes a Portugal.

No entanto, os disfarces começaram a ser desmascarados discretamente por agentes de contra-inteligência do Brasil. Nos últimos três anos, investigações identificaram padrões que ajudaram a localizar e desvendar a rede de espiões russos. 

A operação, batizada de "Leste" e desencadeada pela Polícia Federal, resultou na prisão de duas pessoas até o momento, embora nove agentes russos tenham sido identificados.

A atuação da Polícia Federal brasileira não se limitou ao território nacional. A operação se estendeu a oito países, com apoio das agências de inteligência dos Estados Unidos, Israel, Holanda e Uruguai. 

Com o trabalho conjunto, a tentativa russa de infiltrar espiões no Brasil sofreu um golpe significativo. Alguns agentes que não foram presos, mas tiveram sua identidade descoberta, agora terão dificuldades para se reposicionar. Outros, obrigados a retornar à Rússia, podem ter suas carreiras de espionagem no exterior irremediavelmente comprometidas.

De acordo com o The New York Times, a equipe da Polícia Federal que lidou com essa operação é a mesma que conduziu as investigações sobre a tentativa de golpe envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e alguns de seus ministros.

Um dos casos destacados pela publicação é o de Sergey Cherkasov, um espião russo que foi inicialmente detectado pela CIA. A informação foi então repassada para a Polícia Federal. 

Cherkasov, após ser barrado na Holanda, conseguiu entrar no Brasil por São Paulo. Embora tenha sido monitorado, ele não foi preso de imediato, mas foi detido mais tarde por portar documentos falsificados, apesar de alegar ser brasileiro.

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