Novo estudo apontou razão pela qual as estátuas da faraó Hatshepsut, tia e madrasta de Tutmés III, foram destruídas após sua morte; confira!
Um estudo recente está mudando o que se pensava há um século sobre o destino das estátuas da faraó Hatshepsut. Durante décadas, egiptólogos acreditaram que, após a morte da poderosa governante, seu sucessor e enteado, Tutmés III, iniciou uma campanha de vingança pessoal para apagar sua memória, destruindo suas estátuas. No entanto, novas pesquisas mostram que a motivação foi muito mais ritualística e menos pessoal do que se imaginava.
Publicado na revista Antiquity, o estudo aponta que, apesar de muitas esculturas de Hatshepsut terem sido intencionalmente quebradas, o objetivo não era simplesmente eliminá-la da história. Segundo o autor, Jun Yi Wong, doutorando em egiptologia pela Universidade de Toronto, as estátuas foram "ritualmente desativadas" para neutralizar seus supostos poderes sobrenaturais, algo comum no tratamento de representações de faraós após sua morte.
De acordo com o Live Science, Hatshepsut, foi uma faraó que governou entre 1473 e 1458 a.C. Em vez de apenas atuar como regente de Tutmés III, ela assumiu o trono como soberana de pleno direito, deixando um legado que incluiu construções monumentais, como o templo de Deir el-Bahri, e expedições comerciais bem-sucedidas.
Após sua morte, arqueólogos que trabalharam em Deir el-Bahri nas décadas de 1920 e 1930 encontraram os restos de suas estátuas enterrados em covas, o que reforçou por anos a ideia de perseguição. No entanto, Wong analisou registros de arquivo dessas escavações e notou padrões típicos de desativação ritual: as estátuas foram quebradas principalmente no pescoço, cintura e pés, sem danos ao rosto ou às inscrições — um procedimento comum para figuras reais.
Wong explica que, para os antigos egípcios, estátuas reais eram mais do que representações simbólicas. Elas eram vistas como portadoras de energia vital ou até entidades vivas. Por isso, a desativação era uma prática ritualística destinada a impedir que o poder do falecido faraó continuasse ativo.
Ainda assim, é importante mencionar que o estudo não nega que Hatshepsut tenha enfrentado perseguição política após sua morte. Em outros locais, seus nomes e imagens foram sistematicamente removidos por ordens de Tutmés III.
Para Wong, o contraste entre a desativação cuidadosa das estátuas em Deir el-Bahri e os ataques violentos a outras representações sugere que a motivação de Tutmés III foi mais política do que pessoal, talvez ligada à necessidade de consolidar sua legitimidade como faraó.
"Os primeiros egiptólogos presumiram que Tutmés III deve ter nutrido ódio intenso por Hatshepsut, mas é improvável que isso seja preciso", disse Wong. "O tratamento das estátuas, por exemplo, sugere que Tutmés III foi motivado por fatores ritualísticos e práticos, e não por qualquer animosidade pessoal."