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Notícias / Arqueologia

Pão de 5.000 anos é encontrado na Turquia e tem sua receita recriada

Um pão carbonizado de cinco mil anos foi descoberto durante escavações no sítio arqueológico de Küllüoba, na Turquia, e teve sua receita recriada

Luiza Lopes Publicado em 27/05/2025, às 09h57

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Pão de Küllüoba - Divulgação/Direção Provincial de Cultura e Turismo de Eskisehir
Pão de Küllüoba - Divulgação/Direção Provincial de Cultura e Turismo de Eskisehir

Nos primórdios da Idade do Bronze, por volta de 3300 a.C., um pão foi enterrado sob uma casa recém-construída no território que hoje corresponde à Turquia. Cinco mil anos depois, arqueólogos o encontraram carbonizado em uma escavação no sítio de Küllüoba, próximo à cidade de Eskişehir, e, com base nos ingredientes identificados, ajudaram a recriar sua receita em uma padaria local.

Este é o pão assado mais antigo descoberto em uma escavação e preservou em grande parte sua forma. Um pão é uma descoberta rara em escavações. Normalmente, só encontramos migalhas. Mas aqui ele foi preservado porque foi queimado e enterrado", afirmou Murat Türkteki, arqueólogo e responsável pelas escavações, à AFP.

O chamado pão de Küllüoba tem forma redonda e achatada, semelhante a uma hóstia, com cerca de 12 centímetros de diâmetro. Foi descoberto em setembro de 2024, já queimado, e acredita-se que tenha sido enterrado como parte de um ritual de fundação ou oferenda quando a casa foi construída. 

A descoberta oferece pistas sobre a civilização que habitava a região de Küllüoba — provavelmente os hatianos, povo que antecedeu os hititas na Anatólia. Era comum, à época, enterrar estruturas residenciais ao abandoná-las ou construir novas casas sobre as antigas, criando os chamados montes (höyüks).

Análises do pão indicam que ele foi preparado com lentilhas grosseiramente moídas e farinha de trigo farro (ou emmer, uma variedade ancestral). Uma folha vegetal, ainda não identificada, parece ter sido utilizada como fermento. Desde a última quarta-feira, 21, o pão original está em exibição no Museu Arqueológico de Eskişehir, na mostra "O Fermento do Tempo".

Tradição revivida 

A descoberta inspirou a prefeita de Eskişehir, Ayşe Ünlüce, a reproduzir a receita: “Ficamos muito empolgados. Enquanto conversava com nosso diretor de escavações, fiquei me perguntando se poderíamos reproduzir este pão.”

Como o trigo farro praticamente desapareceu da Turquia, a equipe optou por substituí-lo por trigo Kavilca — uma variedade semelhante —, além de bulgur e lentilhas.

A padaria municipal Halk Ekmek (“Pão do Povo”) começou a produzir artesanalmente 300 unidades do “pão de Küllüoba” por dia. Os primeiros lotes, vendidos em embalagens de 300 gramas por 50 liras turcas (cerca de R$ 7,21), se esgotaram em poucas horas.

“Corri até a loja porque achei que não conseguiria mais. Fiquei muito curiosa para saber o gosto de um pão tão antigo”, contou a cliente Suzan Kuru à AFP.

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